Após a criação de novas etapas e adiamento, o projeto do Drex, o real digital, não tem uma previsão de entrega, afirmou na quina-feira (27) Clarissa Souza, coordenadora de tecnologia do Banco Central, durante painel no evento Febraban Tech.
“Começamos o projeto em janeiro de 2023 e trouxemos um desafio de teste montando um grupo com 16 consórcios para avaliar o problema da privacidade com a programabilidade”, disse ela, ressaltando que a segunda fase será para que bancos implementem casos de uso e tentem usar as soluções de privacidade que foram testadas.
“Estamos testando conceitos e não temos uma previsão de entrega desse projeto. O que temos é o compromisso de estar conversando, testando e vendo a melhor forma de montar essa plataforma”, explicou.
Além disso, Souza também afirmou que, após os projetos do PIX e Open Finance, foi criada uma “régua muito alta”, fazendo com que a expectativa sobre o Drex também seja elevada, principalmente em termos de prazo.
“Mas o que é importante é comunicarmos. […] O Drex é um projeto completamente diferente do PIX e do Open Finance, é um projeto com muitas variáveis ainda para serem avaliadas para entendermos junto com o mercado como construímos esse ecossistema da melhor forma”, avalia ela.
O desafio da privacidade
A executiva também comentou sobre o desafio da privacidade gerado pelo Drex e que durante as discussões internas, chegou-se a comentar sobre se seria necessário abrir mão de privacidade para conseguir maior conveniência no serviço, o que foi rapidamente abandonado.
Segundo ela, como se trata de uma plataforma regulada, é necessário resolver a questão de privacidade “porque temos um arcabouço regulatório que temos de seguir”.
“Vimos, ao longo do piloto, soluções diferentes de privacidade e as colocamos na rede. Desde o início do projeto, vimos a evolução das soluções ao longo do tempo. Este processo vai casar bem com a segunda fase que terá novos casos de uso e vamos colocá-los dentro dessas soluções”, explicou Clarissa, ressaltando que não há dificuldade em fazer uma transação com privacidade, mas, sim, de compor tudo com programabilidade.
Segunda fase do Drex
No fim de maio, o BC anunciou que, na segunda fase de testes do Drex, a infraestrutura criada para o Piloto com Tecnologia de Registro Distribuído (DLT) passará a testar a implementação de contratos inteligentes criados e geridos por terceiros participantes da plataforma. Os participantes poderão criar e gerenciar serviços próprios e novos modelos de negócios, não se limitando mais a serviços criados pelo BC.
Nesta nova etapa, será necessário avaliar diferentes casos de uso, sempre levando em conta os requerimentos de privacidade exigidos pela legislação em vigor.
Serão incluídos no ambiente de testes ativos não regulados pelo BC. Para tanto, haverá necessidade de se assegurar a participação ativa de outros reguladores na plataforma Drex, em especial da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que já acompanha a evolução da moeda digital do Brasil.
Ao longo do terceiro trimestre de 2024, o BC receberá novas propostas de candidatura de entidades interessadas em participar do Piloto Drex. Os selecionados deverão testar a implementação de contratos inteligentes até o fim do primeiro semestre de 2025.
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