O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, tem sido um defensor declarado e vigoroso do Bitcoin. Embora tenha lutado por muito tempo contra os críticos, ele agora admitiu que seu experimento com o Bitcoin não saiu exatamente como planejado.

Em uma entrevista à revista TIME publicada na quinta-feira (29), o “ditador mais legal do mundo” — como Bukele se descreveu certa vez — admitiu que mais pessoas no pequeno país da América Central poderiam estar usando a criptomoeda.

“O Bitcoin não teve a adoção generalizada que esperávamos”, disse ele, de acordo com a publicação.

“Não houve a adoção que esperávamos”, continuou Bukele. “O aspecto positivo é que ele é voluntário – nunca forçamos ninguém a adotá-lo.”

O Presidente Bukele anunciou em 2021 que o Bitcoin passaria a ter curso legal em El Salvador – juntamente com o dólar norte-americano. A política significa que as empresas precisam aceitar a criptomoeda se tiverem os meios tecnológicos para isso. 

O excêntrico líder – um queridinho da direita norte-americana e libertária – também começou a comprar a criptomoeda para colocar no balanço do governo. 

O Decrypt visitou o país naquele ano, e a adoção foi lenta: muitas empresas ainda não aceitavam a criptomoeda (exceto grandes franquias como o McDonald’s), e os salvadorenhos pareciam indiferentes à tecnologia complexa.

A política também foi criticada pelo FMI e por políticos norte-americanos, mas o presidente Bukele seguiu em frente a todo vapor.

El Salvador agora detém 5.857,76 BTC no valor de US$ 348.202.738, de acordo com o site do governo. 

O líder millenial disse que os salvadorenhos têm a chance de economizar um ativo considerado por alguns como uma reserva de valor. O governo presenteou os cidadãos com US$ 30 em Bitcoin em 2021. 

“Se [os salvadorenhos] usarem agora, provavelmente terão ganhos no futuro”, disse ele à TIME. “Se eles não quiserem usar, este é um país livre. Eu esperava mais adoção, sem dúvida, mas sempre nos orgulhamos de ser um país livre, livre em todos os sentidos.”

O presidente Bukele disse que, embora o experimento com o Bitcoin “pudesse ter funcionado melhor, e ainda há tempo para fazer algumas melhorias”, ele não resultou em “nada negativo”.

O líder ainda goza de enorme popularidade em seu país por outras políticas. A criminalidade no país despencou desde que ele lançou uma repressão maciça contra as gangues de rua hiperviolentas do país, prendendo 1% da população. 

Bukele acrescentou na entrevista que as autoridades salvadorenhas sob seu comando não prenderam criminosos para puni-los, mas para proteger os cidadãos. “[As gangues] não podem estar na comunidade cercando seus vizinhos”, disse ele.

*Traduzido por Gustavo Martins com autorização do Decrypt.

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