Satoshi Nakamoto mudou o mundo, e nem sabemos quem ele é de verdade. Pode parecer uma afirmação exagerada em um primeiro momento, mas hoje já é inegável o quanto o white paper do Bitcoin, e todas as tecnologias resultantes deste primeiro projeto, impactam a realidade econômica, política e social do mundo.
Hoje, celebrando o aniversário de 16 anos do white paper do Bitcoin, relembramos seus impactos na economia global e como os principais pontos dessa verdadeira revolução sócio-tecnológica, que preza por inclusão, liberdade, confiança e inovação constante.
Riqueza sem fronteiras
O Bitcoin, por sua natureza descentralizada, não está limitado a um país e nem respeita fronteiras. Ele circula livremente pelo mundo, com taxas muito inferiores a qualquer outra opção de envio de fundos internacionais e com muito mais agilidade. Um envio internacional, que teria prazo de 2 a 3 dias nas formas tradicionais, acontece na “velocidade de um pix” graças à rede.
Além disso, por ser uma transação P2P (peer to peer, ou sem intermediários) também é muito menos burocrática, e isto traz algumas vantagens no âmbito social.
Junte esta facilidade de transferência com o fato de que cada vez mais é possível usar o Bitcoin e outras criptos para os pagamentos do dia a dia e você pode pensar, em um futuro próximo, em deixar seu cartão de crédito internacional em casa quando viajar.
Mas nem só as viagens e compras internacionais são beneficiadas com essa agilidade de transferência de fundos. Campanhas de doação, por exemplo, têm ganhos enormes em agilidade de captação de recursos, e ainda contam com a vantagem de um compliance muito mais simples de ser feito.
Isso porque, ao contrário do conceito equivocado de 100% de anonimato que muitos consideram ser as transações cripto, a rastreabilidade de todas as transações dentro da blockchain do Bitcoin é muito mais simples de ser executada e sem a necessidade de quebras de sigilo, já que o código é aberto, com identificadores de carteiras fixos e geralmente associados aos processos de KYC (Know Your Client) das exchanges.
O poder de mudar o mundo
Uma das filosofias mais interessantes por trás do Bitcoin como tecnologia é o conceito de anti-frágil. Ao contrário de sistemas centralizados, dependentes da iniciativa de uma empresa ou governo, as blockchains são organismos vivos e pulsantes, com um pensamento de colméia e maior resiliência a falhas e fraudes.
Outra funcionalidade interessante é o uso como ferramenta humanitária e em defesa da liberdade de expressão. De acordo com afirmações de Alex Glastein, diretor da Human Rights Foundation, o Bitcoin entra como alternativa quando governos restringem a liberdade financeira da sua população, o que, segundo ele, acontece em países como Rússia e China.
Ainda nesta questão de acessibilidade, são notáveis as iniciativas de países em desenvolvimento com moedas fiduciárias instáveis ou de pouco valor internacional com a moeda digital.
O caso de El Salvador, que adotou o Bitcoin como moeda de curso legal no país e ainda emitiu bonds (títulos de dívida do país) lastreados na criptomoeda é um dos mais extremos. Além disso, existem diversas exchanges que, além da negociação de criptomoedas, também oferecem serviços bancários aos que não são atendidos pelo sistema tradicional, por motivos diversos.
Portanto, é fundamental reconhecer a importância do Bitcoin como instrumento de inovação no mercado financeiro.
Sobre o autor
Luis Ayala é diretor da BItGo para a América Latina.
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