A quebrada exchange de criptomoedas FTX espera pagar entre US$ 3 bilhões e US$ 5 bilhões ao governo dos Estados Unidos como parte do seu processo de falência, apontam novos documentos protocolados na última quarta-feira (20), segundo a Reuters. O valor se refere a impostos que não foram pagos e ainda pode ser alterado até a decisão final.
De acordo com o documento protocolado pela própria FTX, esse valor não deixaria dinheiro suficiente para que os credores fossem pagos, contradizendo assim uma declaração da defesa do fundador da empresa, Sam Bankman-Fried (SBF), de que a companhia não causou nenhum dano e iria reembolsar todo mundo.
O atual CEO da FTX, John Ray, disse em processos judiciais no tribunal de falências de Delaware que SBF distorceu as declarações recentes da empresa sobre sua capacidade de reembolsar clientes em falência para argumentar que houve dano “zero” aos clientes, credores e investidores da FTX. “Todas essas declarações são imprudentes e falsas”, escreveu ele.
“Mesmo o melhor resultado concebível no processo do Capítulo 11 (lei de recuperação judicial dos EUA) não produzirá uma recuperação econômica verdadeira e completa por parte de todos os credores e investidores de capital não privilegiados, como se a fraude nunca tivesse acontecido”, disse.
Quem a FTX vai ressarcir primeiro?
Segundo o tribunal, apenas após o pagamento desses valores ao governo que a empresa poderá usar os recursos para distribuir para os acionistas e outros credores. A fala, porém, vai contra as regras do Capítulo 11, que diz que os clientes da FTX, os credores da Alameda Research, as despesas administrativas e as reivindicações de credores não governamentais serão pagas antes de quaisquer reivindicações governamentais e fiscais.
Inicialmente, o Serviço de Impostos dos EUA afirmou que a exchange devia US$ 44 bilhões em impostos. Posteriormente, o valor foi revisado para US$ 24 bilhões, enquanto a própria FTX dizia que devia US$ 7 bilhões em impostos. O novo valor, portanto, é o mais baixo discutido até agora.
Enquanto isso, os devedores propõem que 100% dos “Processos de Remissão SDNY” — fundos ou ativos devolvidos ao patrimônio da FTX por autoridades governamentais como parte de um processo de remissão — sejam usados para distribuições para clientes da FTX e credores da Alameda.
Depois de quitar despesas administrativas e credores não governamentais, até 25% do valor distribuível será disponibilizado para pagar reivindicações da Receita Federal dos EUA, sendo o restante usado para pagar reivindicações da Commodity Futures Trading Commission (CFTC) e outras autoridades governamentais.
Informações das autoridades americanas apontaram que a FTX tinha 15 milhões de clientes quando entrou em falência e que eles tinham entre US$ 30 bilhões e US$ 35 bilhões a receber.
Se o governo não concordar em priorizar os clientes da FTX, essas pessoas e empresas podem ver o valor disponível para reembolso significativamente diluído. Nesse cenário, investidores e acionistas seriam os mais prejudicados, pois a própria exchange afirma não ter recursos para pagar integralmente o valor devido.
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