Dois anos após a declaração de falência, a extinta corretora de criptomoedas FTX entrou com um processo no Tribunal de Falências de Delaware contra a Binance Holdings Ltd. e seu ex-CEO Changpeng “CZ” Zhao, buscando recuperar pelo menos US$ 1,76 bilhão em fundos “transferidos fraudulentamente”.
Na ação, a FTX alega que “pelo menos US$ 1,76 bilhão em criptomoedas foi transferido para a Binance em julho de 2021”, sendo fraudulentemente transferido para a Binance pelo fundador da FTX, Sam Bankman-Fried, como parte de um acordo onde a FTX recomprou a participação acionária da Binance.
Com a ação, o patrimônio da FTX busca anular a transferência e recuperar os fundos para pagar os credores que sofreram perdas significativas após o colapso da corretora.
A origem dessa disputa legal remonta a 2019, quando a Binance adquiriu uma participação de 20% na FTX, tornando-se aliada da gigante das criptomoedas na época.
No entanto, as tensões logo aumentaram, à medida que a FTX crescia rapidamente e se tornava uma das maiores concorrentes da Binance, conforme o processo. Em meados de 2021, Zhao decidiu sair da sua participação na FTX.
De acordo com a ação, o acordo de recompra foi apressadamente organizado, com Zhao supostamente utilizando sua influência para extrair bilhões de uma FTX já em dificuldades financeiras.
A transação envolveu a recompra pela FTX da participação da Binance – cerca de 20% na FTX Internacional e 18,4% na sua entidade nos EUA – usando uma combinação de tokens FTT e moedas da Binance (BNB e BUSD), avaliadas em US$ 1,76 bilhão na época.
A ação também argumenta que o infame tweet de Zhao em 2022, que provocou uma onda de saques de clientes da FTX, foi um de uma série de “tweets falsos, enganosos e fraudulentos que foram maliciosamente calculados para destruir sua rival FTX”, acusando-o de “desprezo imprudente” pelos clientes e credores da FTX.
Caroline Ellison, ex-CEO da Alameda Research, testemunhou que a Alameda não tinha os fundos necessários para a recompra da participação, com a ação argumentando que a FTX e a Alameda “podem ter sido insolventes desde o início e certamente estavam insolventes no balanço a partir de 2021”.
De acordo com Ellison, a Alameda foi forçada a pegar emprestado mais de US$ 1 bilhão dos depósitos dos clientes da FTX para cobrir a transação. Ela agora cumpre uma sentença de dois anos por fraudar investidores da FTX e da Alameda.
O cofundador da FTX, Sam Bankman-Fried, supostamente descartou suas preocupações sobre essa manobra, insistindo que o acordo era crucial para manter a confiança do mercado.
Após o colapso da FTX, Bankman-Fried renunciou ao cargo de CEO e foi posteriormente preso sob acusações de fraude, lavagem de dinheiro e conspiração. Em março de 2024, ele foi condenado a 25 anos de prisão após ser considerado culpado por fraudar investidores e desviar fundos de clientes.
* Traduzido e editado com autorização do Decrypt.
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