Os administradores da massa falida da corretora de criptomoedas FTX geraram descontentamento entre os credores ao reservar US$ 230 milhões dos recursos confiscados por governos para os acionistas preferenciais que possuíam ações da empresa antes de seu colapso. O acordo, divulgado na última sexta-feira (27), foi finalizado após o término do prazo para os credores votarem no plano de recuperação da companhia.
Portanto, as mudanças de última hora no plano de pagamento da FTX deixam os credores se sentindo enganados novamente, pois até então eles não sabiam da disposição quando votaram esmagadoramente para aprovar o plano antes do prazo de votação de 16 de agosto, comenta uma publicação do The Block.
Embora os acionistas sejam tradicionalmente os últimos a serem reembolsados nos processos de falência, o espólio da FTX argumenta em um processo que o reembolso ajudará a evitar litígios dispendiosos e atrasos associados ao confisco dos lucros.
O investidor e vítima da FTX no Reino Unido, Sunil Kavuri, autoproclamado ativista credor do processo — e que chegou a falar em uma das audiências — disse que credores comuns não tiveram nenhuma contribuição. “Clientes da FTX que me seguem comentaram como se sentem enganados e roubados novamente pelo espólio”.
No documento compartilhado por Kavuri consta como parte do acordo que o patrimônio dos devedores da FTX, liderado por advogados da Sullivan e Cromwell, irá contribuir com 18% de todos os rendimentos de ações de confisco do governo até US$ 230 milhões para um fundo especial de certos acionistas. Prevê também que cada acionista receba até US$ 250 mil em honorários advocatícios, pagos por meio do fundo segregado.
“Os Devedores e os Acionistas Preferenciais têm interesse em evitar o custo, despesa e atraso que seriam associados ao litígio em conexão com o Plano e os Recursos de Confisco”, diz um trecho do processo.
Na audiência programada para o dia 7 de outubro, o Juiz John Dorsey, do Tribunal de Falências dos Estados Unidos para o Distrito de Delaware, decidirá se aprova ou não as mudanças.
Recuperação da FTX
A FTX entrou em crise e pediu recuperação judicial em novembro de 2022, em um caso que condenou seu fundador, Sam Bankmand-Fried, a 25 anos de prisão em março deste ano.
Sobre o ressarcimento das vítimas, após longos meses de espera, a empresa prometeu pagar 118% dos fundos de seus clientes em dólares.
Acerca disso, Kavuri argumentou na época que, uma vez que as reivindicações de falência foram avaliadas com base no valor das criptomoedas relevantes na época, os credores na realidade receberão não mais que 10% a 25% de suas criptomoedas de volta.
O preço do Bitcoin, por exemplo, oscilava em torno de US$ 16 mil na época da falência da FTX; agora, vale cerca de US$ 65 mil.
Em agosto, a FTX e sua afiliada Alameda Research foram condenadas a pagar US$ 12,7 bilhões às vítimas da fraude.
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