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Investir em criptomoedas já não é há muito tempo algo apenas para quem sabe minerar em casa ou possui carteiras virtuais complexas de serem usadas. Hoje, no Brasil, interessados em se expor ao mundo de ativos digitais têm diversas formas de fazê-lo, como comprando fundos.

Muito tem se falado nos últimos meses sobre os tais ETFs de Bitcoin e Ethereum à vista aprovados nos Estados Unidos este ano, mas aqui no Brasil esse tipo de produto já existe desde 2020, sendo que hoje o país conta com 16 ETFs diferentes de criptomoedas, sem contar outros fundos com exposição a esse mercado.

Entusiastas mais ferrenhos de criptomoedas e conhecedores do tema vão defender que a melhor forma de se expor a criptomoedas é comprando os ativos, seja em exchanges ou de uma outra pessoa física (peer-to-peer). Porém, alguns preferem se expor ao mercado cripto por meio de canais tradicionais, sem se envolver diretamente na negociação de criptomoedas. É nesse contexto que fundos e ETFs (que também são fundos, mas negociados em bolsa, como ações) ganham destaque.

“Existem dois principais benefícios ao investir por meio de um ETF. Primeiro, os ETFs de cripto possuem uma estrutura de custódia profissional de altíssimo nível, o que reduz significativamente o risco e elimina a complexidade de escolher a melhor custódia. Além disso, há a questão tributária: dependendo do valor investido, investir em ETFs pode proporcionar vantagens fiscais em comparação à compra direta de ativos em corretoras”, explica Murilo Cortina, diretor comercial da QR Asset Management.

Além disso, para investidores mais experientes, existem outras opções na B3, como os contratos futuros, que são tipos específicos de contrato derivativo, de compra e venda de algum produto, no caso de Bitcoin.

Fundos de investimento

A primeira opção de exposição no mercado tradicional é por meio dos fundos de investimento, sendo o primeiro produto do tipo do Brasil lançado em 2017 pela gestora BLP.

Além da BLP, a Hashdex e a QR Asset formam o grupo das principais gestoras de fundos de criptomoedas do Brasil, sendo que cada uma possui produtos diferentes, com tamanhos de exposição variadas, para cada tipo de investidor.

A BLP, por exemplo, possui três opções, sendo a primeira, para o público de varejo – ou seja, investidores em geral – com apenas 20% de exposição em criptomoedas. Outro fundo tem 40% de exposição e é para investidores qualificados (com mais de R$ 1 milhão investidos) e o terceiro tem 100% de exposição e é apenas para o investidor profissional (com mais de R$ 10 milhões).

No caso da gestora, toda a exposição é feita com investimento no Genesis Block Fund, um fundo internacional de cripto, sendo que o resto das porcentagens do fundo são em produtos de renda fixa.

Já Hashdex e QR possuem outros fundos, com exposições de até 100% em criptoativos, com maneiras variadas de se fazer isso. Existem ainda outras gestoras focadas em cripto e até a possibilidade de fundos multimercados (FIM) que, apesar de não terem foco em comprar ativos digitais, também contam com parcelas de exposição a criptos.

É importante o investidor ter em mente, porém, que esse tipo de fundo possui os custos mais caros dentre todas as formas de se expor ao mercado cripto. Em geral, suas taxas de administração giram em torno de 2% ao ano (um pouco mais, um pouco menos) e com taxas de performance, que também costumam ser de 20% sobre o que ultrapassar o benchmark, que é comum que seja o CDI.

Apesar desse custo, investidores podem encontrar opções com gestões mais ativas, em que a carteira muda rapidamente quando ocorrem mudanças bruscas no mercado, o que pode reduzir perdas e otimizar ganhos, ainda que nada disso seja garantido.

“Investidores que buscam uma gestão mais focada e ativa no mercado de cripto, que vá além de simplesmente acompanhar o preço dos ativos, fundos de gestão ativa oferecem exposição a mais de 350 criptoativos, com uma gestão que busca sempre balancear a carteira para a melhor relação entre retorno e volatilidade”, explica Cortina.

ETFs

E além da compra direta de cripto e dos fundos de investimento, uma outra opção que tem se tornado muito famosa no setor, são os ETFs, sigla em inglês para fundos negociado em bolsa. Eles são negociados por cotas como se fossem ações na Bolsa, e, em geral, buscam acompanhar o desempenho de um índice.

Esses produtos possuem taxas muito mais baixas, de menos de 1% ao ano, sendo alguns de 0,1% e não têm taxa de administração. Por outro lado, sua gestão não é ativa, ou seja, eles são feitos para seguir um índice e, em alguns casos, pode ocorrer um rebalanceamento periódico, podendo ser mensal, trimestral ou com intervalos maiores.

Dessa forma, os ETFs seguem mais de perto o produto que querem acompanhar, caindo ou subindo junto. Mas se os fundos focados em Bitcoin e Ethereum estão agora entre os mais famosos por conta da aprovação nos EUA, saiba que existem outras opções, como ETFs de metaverso, DeFi, Web3 e alguns que seguem cestas de criptomoedas, como o HASH11.

Criado pela Hashdex, o HASH11 é o maior ETF de criptoativos do Brasil, sendo o segundo ETF de Renda Variável Internacional mais negociado do país em 2024, com R$ 4,3 bilhões até o fim de julho, segundo dados da B3. O primeiro é o IVVB11, que segue o índice da bolsa americana S&P 500, com R$ 6,7 bilhões.

Em número de investidores, o HASH11 é o segundo maior de toda a bolsa brasileira, com 126.544 investidores, também atrás do IVVB11, que tinha 158.066 até o final de julho. Para se ter uma ideia, o maior ETF da Bolsa em volume, o BOVA11 – que replica o Ibovespa – possuía 92.930 investidores.

Atualmente são 16 opções de ETFs para investidores brasileiros na B3, sendo mais da metade da Hashdex (6 fundos) e QR Asset (4 fundos). No caso dessa segunda gestora são três opções “monoativos”, que além de Bitcoin e Ethereum possui um mais recente do mercado, focado em Solana (SOL), lançado em 29 de agosto.

Confira abaixo todos os ETFs de criptomoedas do Brasil:

Os ETfs marcados com (-) foram lançados após janeiro de 2024 (Fonte: B3 e gestoras)

Na tabela acima ainda é possível ver que existem dois produtos cujo código termina com 39, diferente dos outros ETFs com final 11. Isso porque se trata de BDRs de ETF, que nesse caso representam os dois ETFs de BlackRock – maior gestora do mundo – negociados nos EUA.

Por ser um ativo emitido no Brasil lastreado em cotas no exterior, esses produtos da BlackRock são definidos como Brazilian Depositary Receipts (BDR), que são certificados que representam ações emitidas por empresas em outros países, mas que são negociados aqui. O IBIT39 é o ETF de Bitcoin e o ETHA39 é o ETF de Ethereum.

Vale ainda lembrar que o investidor tem a opção de investir diretamente em fundos e ETFs no exterior, mas que o processo é mais burocrático, já que necessita de abertura de conta em uma corretora dos EUA, além de taxas de transferência de valores, efeito do câmbio e custos dos próprios produtos.

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