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Esta semana Miami sediou o Ripple Swell, evento anual da Ripple, que recentemente lançou seu produto de pagamentos no Brasil em parceria com o MB (Mercado Bitcoin). Durante o evento, o Brasil se destacou como protagonista do mercado cripto na América Latina, com diversos executivos destacando a importância estratégica do país e seu enorme potencial de crescimento no setor.

O destaque se deve tanto à abertura dos reguladores para a inovação quanto pela presença de empresas consolidadas para firmar parcerias no país. O recente lançamento da solução de pagamentos da Ripple no Brasil foi um destaque importante do evento, que também trouxe mais detalhes sobre a nova stablecoin da empresa, RLUSD.

Ao Portal do Bitcoin, Brad Garlinghouse, CEO da Ripple, descreveu o Brasil como “uma das comunidades de cripto que mais crescem no momento”. 

“Grande parte disso se deve ao fato de o governo brasileiro ter demonstrado apoio ao mercado. Eles querem ver o crescimento econômico que é frequentemente impulsionado pelas atividades de cripto das empresas. Continuamos a investir no escritório e a expandir os negócios no Brasil, com parceiros como o Mercado Bitcoin que veem como a tecnologia da Ripple funciona e, honestamente, entendem de cripto. Então estamos muito empolgados com o mercado brasileiro e São Paulo será nosso hub para a América do Sul”, disse Garlinghouse.

Para entender melhor a chegada da solução de pagamentos da Ripple no Brasil e a trajetória do país em sua consolidação como hub cripto da América Latina, o Portal do Bitcoin também conversou com Roberto Dagnoni, CEO da 2TM, holding do MB.

“O MB é o primeiro cliente global da Ripple para o seu novo sistema de pagamento. Eles poderiam ter optado por um cliente de qualquer parte do mundo, mas escolheram o Brasil, então isso mostra o quão inovador estamos sendo”, afirma.

Dagnoni explica que o produto da Ripple é inovador por garantir o envio de fiat em todos os países em que eles operam, permitindo que parceiros, como o MB, façam parte do arranjo de pagamento internacional. Segundo o executivo, os primeiros usos do sistema será para transferências entre o MB do Brasil com o MB Portugal. Na sequência, o produto será liberado para os clientes B2B e B2C da empresa.

“Isso vai simplificar muito a jornada de quem precisa fazer remittance e câmbio. Antes nossa oferta ficava muito restrita a Portugal – que é onde temos a corretora –, mas nossos clientes querem mandar dinheiro para vários lugares. Agora isso será possível”, diz.

A evolução do mercado cripto no Brasil

Dagnoni explica que a ascensão do uso de cripto no Brasil se deve a uma combinação de dores presentes no país que os ativos digitais ajudam a resolver. “Hoje o Brasil vem de uma memória inflacionária de 2.500% de inflação anual antes do plano real e do confisco do Collor, que todo mundo lembra. Essa instabilidade de memória inflacionária, juros altos, dólar indo de R$  3 para R$ 6, faz com que nós tenhamos uma adoção maior”, conta.

Embora o Brasil compartilhe alguns dos mesmos desafios de seus vizinhos latino-americanos, o cenário de cripto no país se destaca por ser mais maduro e por contar com reguladores abertos a entender essa classe de ativos junto ao mercado.

“Nosso sistema de pagamentos é muito eficiente, tanto que o uso de cripto não pegou aqui para pagamentos, mas o uso de stablecoins para remittance, estamos vendo um volume muito grande. Além disso, temos um regulador muito favorável, tanto a CVM com tokenização, quanto o Banco Central, que já  anunciou que vai regular stablecoins, VASPs [provedores de serviços de ativos virtuais], e está fazendo o Drex”, contextualiza.

Dagnoni projeta que o Brasil caminha para um momento importante: “Vamos sair de pouca regulação para uma regulação completa nos próximos 12 meses”. 

A tendência é que essa mudança de cenário faça com que o mercado institucional tenha mais confiança no país. Ele destaca que outro benefício da regulação será frear o uso de cripto por maus atores, algo que já vem acontecendo no Brasil.

“Observamos que a maioria das pirâmides que tivemos no Brasil, como Atlas Quantum, Faraó e Sheik, já foram desmanteladas e seus responsáveis estão presos. Há uma depuração em andamento, e com a regulação, ficará cada vez mais difícil surgirem novos casos dessa magnitude.”

O executivo afirma que o MB já está preparado para essa mudança que virá. “Operamos como se já fossemos regulados há bastante tempo. Temos licenças de instituição de pagamento, crowdfunding, securitizadora, tudo que era possível. Agora estamos muito ansiosos pela Vasp, que será uma licença para chamar de nossa, puramente cripto.”

Com esse amadurecimento, até os bancos que antes tinham aversão a cripto, agora tentam conquistar um espaço no mercado. “A maturidade está sendo atingida pelos dois lados, tanto de cripto como TradFi. Pensar que em 2018 os bancos fechavam as contas das corretoras e agora vendem cripto, isso em um intervalo de seis anos, é uma mudança bem radical”, conclui. 

Sobre o futuro do mercado cripto, Dagnoni garante que o MB vai seguir evoluindo com o avanço da tecnologia. Com uma exchange já consolidada no mercado e serviços de tokenização em operação desde 2019, o MB está agora fortalecendo sua vertical de banking. 

Esse movimento resultou na parceria com a Ripple e no cartão cripto em conjunto com a Mastercard, que será lançado em breve. “Nós nos entendemos como uma plataforma de negociação de ativos digitais, então toda vez que essa gama de ativos digitais se expande, nosso portfólio também cresce”, diz.

O executivo também ressalta o papel crucial da tecnologia no futuro do mercado financeiro, com o Drex sendo o grande potencializador dessa mudança. “O Drex será um grande impulsionador para termos mais ativos on-chain. À medida que isso acontece, passamos a ter muito mais liquidez para produtos que até então não tínhamos. No fim, acho que o Drex vai revolucionar o mercado de capitais”, conclui Dagnoni.

*O Portal do Bitcoin esteve em Miami para cobrir o evento Ripple Swell, a convite da Ripple.

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