Neste terceiro e último episódio da nossa série especial sobre os efeitos da econimia americana no mercado de criptomoedas, vamos falar sobre como a possível recessão econômica dos Estados Unidos pode impactar o preço de ativos financeiros, como o Bitcoin e o dólar comercial no Brasil.
Entendendo o cenário
Quando observamos o histórico das últimas 12 recessões nos Estados Unidos, constatamos que a bolsa americana corrigiu em média 30%. Quanto ao bitcoin (BTC), cuja primeira recessão econômica ocorreu em março de 2020, a correção média foi de 40%.
Vamos olhar, então, para o gráfico do preço do bitcoin em USDT. É possível constatar que a tendência primária, a mais importante de longo prazo no gráfico mensal, está indefinida. Isso significa que o BTC está numa grande consolidação lateral na faixa de US$20 mil a US$70 mil.
A criptomoeda só vai retomar sua tendência de alta primária, que vem desde 2010, quando romper os US$70 mil dólares.
Nessa região, temos um nível de suporte extremamente importante. Quando olhamos para a esquerda, vemos vários eventos técnicos relevantes. O mesmo acontece com a reta de suporte de longo prazo.
O que esperar do preço do bitcoin
O gráfico abaixo nos mostra o indicador OBV (On Balance Volume). Vemos que, na primeira vez que o preço do BTC chegou aos US$ 70 mil, em poucos meses, tivemos uma correção de mais de 55%. No segundo pico de US$70 mil, tivemos uma correção de mais de 70%.
O indicador OBV assinala que os grandes players do mercado estão distribuindo o bitcoin atualmente na região de topo histórico.
Entendemos que esses insiders sabem que a recessão nos Estados Unidos vai chegar. Quando isso acontecer, eles poderão comprar mais bitcoin a um preço bem abaixo dos US$ 30 mil. Se esse cenário se confirmar, eles poderão praticamente dobrar suas quantidades de bitcoin.
Depois, provavelmente, eles devem aguardar uma nova injeção de liquidez pelo Banco Central Americano, o FED. Com isso, o bitcoin deve iniciar um novo ciclo de alta. Consequentemente, esses players poderão surfar nesse ciclo de alta – isso, a partir de 2026.
Comprar ou não comprar bitcoin?
Antes de falarmos das negociações, precisamos ter em mente um aspecto de extrema importância. Eventualmente, o bitcoin pode voltar a testar a reta suporte de longo prazo e o nível de suporte extremamente importante na faixa de US$ 30 mil em 2025.
Quando isso acontecer, a tendência é que o indicador de medo do mercado esteja no ponto de “extremo medo”, provavelmente perto de 10 ou abaixo de 10.
Historicamente, esses têm sido ótimos pontos de entrada para um position trading, principalmente se houver uma reversão de candlestick no nível de suporte de US$ 30 mil e na linha de suporte de longo prazo nessa faixa.
Estamos falando de reversão com martelo, engolfo de alta, bear trap ou um penetrante, nos quais o contexto das reversões será extremamente significativo.
Nesse caso, a tendência é que o bitcoin, no gráfico semanal e mensal, evolua para um grande triângulo ascendente. Nessa região, deve haver uma ótima oportunidade de compra.
Observamos ainda que, com o sentimento do mercado de extremo medo, provavelmente, a maioria dos analistas vai dizer que o Halving do Bitcoin falhou. Na nossa percepção, aí teremos uma oportunidade de ouro para compra da criptomoeda. É como dizem as máximas do mercado:
“Compre ao som dos canhões e venda ao som de violinos”
Warren Buffett
“A maneira de ganhar dinheiro é comprar quando o sangue está correndo nas ruas”
John D. Rockfeller
O que embasa a análise do comportamentos dos insiders
Antes de seguirmos em nossa análise, é importante entender o que embasa o comportamento de compra e venda de ações por diretores e executivos de empresas na bolsa americana. Os próximos gráficos mostram justamente isso.
Historicamente, quando o número de compras (linha azul) ultrapassa 400, como em 24 de novembro de 2008, durante a crise financeira, e em 16 de março de 2020, no auge da pandemia, entendemos que os insiders compraram ações próximas de regiões de fundo de mercado.
Esse comportamento reflete a confiança dos executivos no potencial de recuperação de suas empresas, mesmo em momentos de grande incerteza e medo no mercado.
Quando as compras são combinadas com formações de reversão de candlestick em níveis de suporte, como martelo ou engolfo de alta, reforça-se a análise técnica que apresentamos. Em outras palavras, em momentos que precederam recuperações significativas, há oportunidades estratégicas de entrada para position trading.
Por exemplo, em 16 de março de 2020, o indicador de insiders de diretores de empresas estava no pico. E, de acordo com o indicador de sentimentos, o mercado estava em extremo medo.
Para os operadores que fizeram uma entrada nesse momento, a compra de bitcoin foi realizada a um preço médio de US$ 6 mil. 18 meses depois, esses operadores tiveram um lucro de mais de 1.000%.
E o preço do bitcoin no Brasil: como vai ficar?
Antes de responder a essa questão, precisamos analisar o gráfico do dólar.
O gráfico mensal nos indica de forma nítida que a tendência primária está atualmente indefinida. Ela vai retomar o movimento de alta que vem desde 2011, quando tivemos o rompimento do nível de resistência extremamente importante de R$ 6.
Quando analisamos o gráfico semanal do dólar, a tendência secundária aparece de forma clara como de alta, após ter rompido reta de resistência extremamente importante.
Vemos que, atualmente, o preço está fazendo um pullback para a antiga reta de resistência para inverter a polaridade e passar a oferecer suporte à reta. Ou seja, temos uma acumulação que tudo indica ser uma formação de um retângulo no semanal. Isso é extremamente positivo para o dólar.
Quando descemos um tempo gráfico para a tendência terciária no diário, podemos observar um indefinido dentro de um retângulo. Essa indefinição só será resolvida quando tivermos o rompimento do retângulo.
Observe que quando esse retângulo atual for rompido para cima, o gráfico semanal vai armar um pivô de alta. Isso após ter feito um pullback para a antiga reta de resistência.
Como fica o dólar no Brasil
Ao analisar o indicador OBV, podemos ver claramente uma sinalização para o rompimento do nível de resistência de R$ 6. Esse é um sinal extremamente poderoso do que os grandes players estão fazendo no mercado de câmbio do Brasil.
Projetamos que, no Brasil, o dólar deve ficar acima de R$ 7 em 2025. Isso deve acontecer por conta da recessão econômica dos Estados Unidos. Mas questões fiscais do governo brasileiro também devem impactar esse preço.
Nos quatro gráficos abaixo, mostramos o tamanho do problema fiscal atual do Brasil.
Entendemos que, se nada for feito, muito provavelmente, o Brasil vai entrar em um processo de dominância fiscal.
Quando falamos em dominância fiscal temos o seguinte cenário: as contas públicas ficam tão descontroladas que o governo passa a gastar mais do que arrecada. Com isso, a dívida do país se torna insustentável.
Em consequência, o Banco Central perde a capacidade de controlar a inflação por meio de políticas monetárias. Por exemplo, não seria possível aumentar as taxas de juros, uma vez que esse movimento agravaria ainda mais a dívida do governo.
Em caso de dominância fiscal, o Brasil poderia viver uma inflação descontrolada, aumento significativo de juros, queda no valor do real e perda de credibilidade internacional. Como resultado, teríamos uma grave crise econômica, com recessão e desemprego elevado.
Conclusão
Em nossa série Economia Americana, vimos, logo no primeiro episódio, que o crescimento econômico atual dos Estados Unidos é insustentável. O PIB americano é mantido, principalmente, pelo consumo das famílias.
Leia o primeiro capítulo: Os impactos da economia dos Estados Unidos no setor de criptomoedas
No entanto, esse consumo não vem das poupanças, mas sim dos cartões de crédito. Esse aspecto torna a situação insustentável, podendo levar a uma interrupção dos gastos dos consumidores a qualquer momento.
No segundo episódio, analisamos quatro indicadores poderosos para prever as recessões econômicas nos Estados Unidos. Eles estão apontando um sinal vermelho para a economia americana em 2025.
Leia o segundo capítulo: Os 4 indicadores que podem prever uma recessão nos EUA
No último capítulo da nossa série, discutimos como esses fatores podem impactar o preço de ativos financeiros, como o bitcoin, e também o dólar comercial no Brasil. Além disso, exploramos o risco fiscal do Brasil.
Historicamente, em recessões, o mercado de ações nos Estados Unidos cai em média 30%. O bitcoin, que passou pela primeira recessão econômica em março de 2020, teve uma queda média de 40%.
Assim, entendemos que o preço da criptomoeda tem grandes probabilidades de voltar para US$ 30 mil.
Essa será uma oportunidade de ouro para o position trading tanto para quem não tem bitcoin, como para quem está pensando em comprar mais.
Isso principalmente se tivermos uma reversão de candlestick que deve ocorrer em um contexto extremamente importante: em uma reta suporte de longo prazo importante e nível de suporte extremamente importante.
Com uma reversão, como martelo, engolfo de alta e penetrante acontecendo, o gráfico mensal do bitcoin tende a evoluir para um grande triângulo ascendente.
Tanto a recessão econômica dos Estados Unidos em 2025 como o problema fiscal do Brasil podem puxar o dólar para cima. Para nós, há grandes probabilidades do preço extrapolar R$ 7 em 2025.
Isso colocaria o preço do bitcoin em uma média de R$ 220.000 a R$ 200.000. Reforçando, portanto, o bom momento para o position trading.
Nessa série especial de três capítulos, buscamos explicar para você, de forma simples e esquemática, todas as complexas variáveis envolvidas na economia americana.
Esperamos que tenha apreciado as análises e que esse conteúdo ajude você a se posicionar no mercado nos próximos meses.
Sobre o autor
Mário Garro iniciou sua trajetória no campo da economia e da análise técnica em 2018, com apenas 14 anos de idade. Entre 2020 e 2024, trabalhou ao lado de Fausto Botelho, uma das principais referências no mercado de análise gráfica no Brasil, integrando sua equipe de analistas. Atualmente, Mário faz parte do time de trading do Mercado Bitcoin e continua a expandir seus conhecimentos sob a orientação do professor Marcio Noronha, sempre em busca de aprimorar suas habilidades no setor financeiro.
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