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Em abril de 2023, uma operação levou à prisão de Remy Ra St. Felix, de 25 anos, e seus amigos, acusados de realizar uma série de invasões domiciliares e sequestros para roubar grandes somas em criptomoedas.

De acordo como departamento de justiça dos EUA, os criminosos começaram uma onda de ataques na Flórida, e expandiram suas atividades para outros estados, na esperança de evitar a detecção.

Entretanto, o que começou como uma tentativa mal-sucedida de roubo se transformou em uma das mais brutais e violentas redes de crimes envolvendo criptomoedas nos Estados Unidos.

A saga de crimes e sequestros por criptomoedas

Tudo começou quando Felix decidiu “profissionalizar” suas atividades criminosas após falhar em roubos menores perto de sua cidade natal, Homestead, Flórida.

De acordo com a mídia local, a primeira grande tentativa foi um assalto domiciliar que, embora violento, não rendeu os frutos esperados. A vítima, sob tortura, não tinha a quantia de criptomoedas que Felix e seus cúmplices esperavam.

Mesmo assim, o bando não hesitou em sequestrar o homem, filmá-lo em vídeos chocantes enquanto o espancavam e exigiam resgates em criptomoedas de seus amigos e familiares.

Arma usada em sequestro (Arstechnica)
Arma usada em sequestro (Arstechnica)

Essa ousadia, que os levou a se deslocar por 193 quilômetros, evidenciava a determinação de Felix e sua equipe em continuar expandindo suas operações.

A frustração com os primeiros fracassos não desanimou o grupo. Pelo contrário, eles decidiram que a solução era se distanciar das áreas já conhecidas por eles e buscar novas oportunidades.

Um de seus primeiros grandes golpes fora da Flórida aconteceu no Texas, onde roubaram US$ 150.000 e dois relógios Rolex de uma vítima. No entanto, o destino reservava uma nova e trágica investida para o time de criminosos: a cidade de Durham, na Carolina do Norte.

Noite de terror na casa de aposentado

No dia 11 de abril, Felix e seu parceiro, Elmer Castro, passaram o dia vigiando uma casa em Wells Street. O alvo? Um casal idoso que, segundo informações obtidas após a invasão de sua conta de e-mail, era proprietário de uma grande quantia de criptomoedas.

Como de costume, os criminosos tomaram precauções e se disfarçaram de trabalhadores comuns. No dia seguinte, às 7h30 da manhã, eles chegaram à residência usando uniformes de operários de construção civil.

O plano parecia simples: convencer os moradores a permitir sua entrada, alegando que precisavam realizar uma inspeção no encanamento da casa.

Entretanto, a situação rapidamente escalou quando, ao serem atendidos pela esposa do proprietário, Felix e Castro colocaram suas máscaras de esqui, sacaram armas e forçaram a entrada.

O caos tomou conta da residência, com a mulher gritando enquanto seu marido tentava defendê-la. Os criminosos não hesitaram em amarrar e agredir o casal, levando ambos à rendição completa.

Felix não demorou a levar o idoso até o escritório no andar superior da casa. Lá, sob ameaça de violência extrema, ele ordenou que o homem acessasse sua conta na corretora Coinbase, uma das maiores plataformas de criptomoedas do mundo.

Prometendo cortar os dedos e estuprar sua esposa, Felix deixou claro que a única saída era cooperar. E, de fato, o marido cedeu às ameaças, permitindo que ele e sua equipe controlassem remotamente o computador da vítima através do software AnyDesk.

O que seguiu foi uma série de transferências rápidas de criptomoedas, feitas por Jarod Seemungal, outro membro da gangue que operava à distância.

Em poucos minutos, US$ 156.853 em criptomoedas, cerca de R$ 864 mil, haviam sido transferidos da conta da vítima, enquanto uma quarta transação foi bloqueada pela própria Coinbase, que desconfiou da atividade incomum.

Por volta das 9h da manhã, com o bairro começando a despertar e os primeiros trabalhadores de paisagismo chegando às casas vizinhas, Felix e Castro perceberam que seu tempo estava acabando.

Eles trancaram o casal no banheiro, destruíram o iMac e os telefones da família, e fugiram em um carro que haviam alugado. As criptomoedas, porém, já estavam longe, irremediavelmente transferida para contas anônimas.

A polícia foi chamada e chegou ao local às 9h17, mas, naquele ponto, não havia mais muito a ser feito. O casal estava ferido, traumatizado, e seu dinheiro virtual desaparecera no complexo sistema de anonimato oferecido por exchanges descentralizadas e criptomoedas focadas em privacidade.

Porém, o que Felix e seus cúmplices não entenderam foi a vulnerabilidade que deixaram ao criar contas em plataformas como a Coinbase com seus próprios nomes. No mesmo dia do crime, às 11h42, Castro abriu uma conta usando uma identidade oficial, seguido por Felix horas depois.

Essas transferências permitiram que as autoridades traçassem o caminho do dinheiro roubado e, eventualmente, localizassem os criminosos.

Gangue especializada em roubos de criptomoedas é presa após série de invasões e sequestros

As investigações avançaram rapidamente e, em alguns meses, toda a equipe de Felix foi detida. O próprio líder foi preso em 27 de julho de 2023, no estacionamento de um McDonald’s em Nova York, pouco antes de realizar outro roubo planejado contra uma família de cinco pessoas em Long Island.

Dentro de seu veículo, foram encontrados uma arma de fogo e braçadeiras de plástico, além de um rifle AR.

As consequências para os envolvidos foram severas. Jarod Seemungal, o cérebro por trás das operações de clonagem de celular e roubo de criptomoedas, foi condenado a 20 anos de prisão, além de ser obrigado a devolver US$ 4 milhões.

Elmer Castro, cúmplice direto nas invasões, aguardava sentença nas próximas semanas. Quanto a Felix, ele decidiu levar seu caso a julgamento. Em junho de 2023, foi considerado culpado e, em 11 de setembro, recebeu uma pena de 47 anos de prisão.

A conclusão do caso foi celebrada pelas autoridades americanas nesta semana, como uma grande vitória contra crimes envolvendo criptomoedas.

🔒Como se proteger de sequestros envolvendo criptomoedas

Nos últimos anos, o aumento no uso de criptomoedas trouxe também um crescimento nos sequestros relacionados a esses ativos digitais. Para se proteger, autoridades recomendam medidas preventivas que vão além da segurança física.

A primeira dica é usar autenticação em dois fatores (2FA) em todas as contas relacionadas a criptomoedas. Essa camada extra de segurança pode dificultar o acesso não autorizado, tornando suas contas mais seguras.

Uma das principais dicas é manter sigilo sobre suas posses em criptomoedas. Evitar compartilhar informações sobre sua carteira ou investimentos com pessoas desconhecidas pode reduzir o risco de se tornar um alvo.

Outra recomendação é diversificar o armazenamento das criptomoedas. Em vez de manter tudo em uma única carteira online, considere utilizar carteiras frias (offline) para guardar a maior parte dos seus ativos.

Por fim, estar sempre alerta e bem informado é essencial. A educação sobre os métodos de ataque mais comuns pode ajudar a identificar ameaças antes que se tornem um problema real, garantindo que você e suas criptomoedas permaneçam protegidos.

Fonte: Gangue invade casas e sequestra vítimas para roubar criptomoedas

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