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Há 51 anos atrás, o fim do padrão ouro no dólar e o Choque Nixon — entenda o que aconteceu em 1971 🔗cointimes.com.br
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No dia 15 de agosto de 1971, o presidente Nixon dos EUA colocou fim ao padrão dólar-ouro, no que pode ter sido um dos maiores golpes financeiros da história. Entenda o que aconteceu 51 anos atrás e como as decisões econômicas afetam até hoje a economia global e norte-americana.

O padrão ouro e o sistema Bretton Woods

O Padrão Ouro clássico ocorreu de 1870 até 1914, com o início da Primeira Guerra Mundial e também foi conhecido como o Padrão Libra-Ouro, já que a moeda dominante como reserva mundial era a Libra Esterlina, do Reino Unido – potência econômica global no período.

Seu principal objetivo era trazer um equilíbrio na economia internacional, com cada país sendo obrigado a manter reservas de ouro (bem escasso), mantendo assim uma base monetária consistente, com paridade cambial e uma balança econômica equilibrada.

Com o fim do padrão ouro clássico em 1914, a economia global viveu um momento de dominado pela desordem monetária e pela inexistência de um país claramente hegemônico, enquanto potências médias buscavam uma posição de liderança.

Em 1941, negociações entre o presidente dos Estados Unidos, Franklin Roosevelt, e o primeiro-ministro do Reino Unido, Winston Churchill, resultaram na Carta do Atlântico. Um documento diplomático oficial que estabeleceu novas regras entre os dois países em um cenário pós-Segunda Guerra Mundial, incluindo algumas decisões econômicas, como exclusão de barreiras econômicas e acordo de colaboração mútua para uma economia internacional saudável.

Em 1944, o Acordo de Bretton Woods deu início ao novo padrão ouro, conhecido como Padrão Dólar-Ouro, que durou até 15 de agosto de 1971, há exatos 51 anos atrás.

O fim do padrão dólar-ouro em 1971

O Acordo de Bretton Woods criou o Sistema de Bretton Woods, com propostas definidas entre os participantes da Conferência Monetária e Financeira Internacional das Nações Unidas e Associadas, realizada entre 1 e 22 de julho de 1944, que elaborou regras para o sistema monetário internacional. Foi neste momento em que foram criados o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (The World Bank).

O sistema envolvia a fixação da taxa de câmbio entre as diferentes moedas de diferentes países, que definiram uma taxa cambial fixa com base no ouro ou no dólar norte-americano. Uma espécie de stablecoin, governada pelo FMI.

Não só as moedas eram definidas com base no dólar e ouro, como o próprio dólar tinha seu preço fixo no valor de US $35 por uma onça de ouro.

Que também funcionava como uma espécie de stablecoin (moeda estável) centralizada, com sua estabilidade criando um mercado de arbitragem internacional, onde Bancos Centrais de outros países poderiam converter suas reservas de dólar por ouro, ouro por dólar e suas próprias moedas, a qualquer momento, conforme necessidade.

O Choque Nixon de 1971

Durante o período que foi marcado pela Guerra no Vietnam e uma forte crise econômica que assolou os Estados Unidos durante a presidência de Richard Nixon, o preço da gasolina e outros bens locais começou a subir muito, frente à desvalorização do dólar no mercado cambial.

Na época, os EUA tinham uma taxa de desemprego de 6,1% (agosto de 1971) e uma taxa de inflação de 5,84% (1971). Números historicamente muito altos.

Pressionado por seus eleitores e também por um cenário macro desfavorável, Nixon estabeleceu uma série de medidas econômicas que ficaram conhecidas como “O Choque Nixon” e envolviam, entre outras coisas, o congelamento de preços e também congelamento de salários, com o objetivo de “conter a inflação”.

O Choque Nixon também envolveu uma sobretaxa de 10% sobre todas as importações, com o objetivo de proteger a economia interna do país, dificultando a importação e acabando, em uma canetada, com a concorrência aos produtos produzidos nacionalmente.

As consequências seguintes foram devastadoras, mas eram “necessárias” para a principal medida econômica do Choque Nixon, que pode ter sido um dos maiores golpes financeiros da história humana, criando uma das maiores fraudes financeiras: A moeda fiduciária, com o fim do padrão ouro.

O fim do padrão ouro e o início da moeda fiduciária

No dia 15 de agosto de 1971, há exatos 51 anos da data de redação e publicação deste artigo, o Presidente Richard Nixon foi à televisão nacional, para comunicar suas decisões.

Entre muitas coisas em seu discurso, alguns trechos de destacam:

“(…) Devemos proteger a posição do dólar americano como pilar da estabilidade monetária em todo o mundo. Nos últimos 7 anos, houve uma média de uma crise monetária internacional a cada ano (…)”

“(…) Instruí o secretário Connally a suspender temporariamente a conversibilidade do dólar em ouro ou outros ativos de reserva, exceto em quantias e condições determinadas como sendo no interesse da estabilidade monetária e no melhor interesse dos Estados Unidos.”

O fim do padrão dólar-ouro, no entanto, teve mais motivações além de uma tentativa vã de melhorar a economia interna.

Na mesma época em que a crise econômica assolava os EUA, a França passou a reduzir suas reservas de dólar, trocando-as por ouro do governo americano, reduzindo a influência econômica norte-americana no exterior. Outros países começaram a seguir o exemplo do presidente francês, Charles de Gaulle.

No dia 15 de agosto de 1971, também com o objetivo de conter essa espécie de “corrida bancária ao ouro” e controlar a liquidez e os estoques da commodity mais valiosa do mundo, Nixon decidiu unilateralmente encerrar o Acordo de Bretton Woods, aplicando o golpe final e colocando fim ao padrão ouro – sem aviso prévio.

As medidas foram bem aceitas no início, com toda narrativa construída de forma estratégica para defender a nova economia, agora totalmente fiduciária, sem lastros no ouro e com a possibilidade de emissão de novas moedas via decreto.

As consequências, no entanto, foram devastadoras, culminando na renúncia de Richard Nixon da cadeira presidencial em 1974.

Consequências das decisões econômicas de Nixon – O que aconteceu após 1971

Muito de nossa realidade econômica atual é decorrência da criação de um sistema centralizado e fraudulento, baseado nas moedas “fiat”.

Saiba mais: Ex-traders da JPMorgan manipularam o mercado de ouro e prata durante anos

O site WTF Happened in 1971 (tradução livre para: O que diabos aconteceu em 1971) juntou uma série de materiais gráficos e noticiosos que ajudam a demonstrar as consequências nefastas do Choque de Nixon, do fim do padrão ouro e de todas as outras decisões subsequentes.

Recomendo uma visita ao site para conhecer todos estes dados, mas vou disponibilizar alguns, que considero mais relevantes, na sequência.

Preço de uma lata de sopa de tomate condensada (1898-2021)

preço de uma lata de tomate subindo exponencialmente após o fim do padrão ouro de nixon em 1971

Inflação acumulada (1913-2015)

inflação acumulada subindo exponencialmente após o fim do padrão ouro de nixon em 1971

Crescimento da renda média entre diferentes classes sociais (1% dos mais ricos e 90% dos mais pobres)

Renda média do 1% da população mais rica ultrapassando a renda média de 90% da população mais pobre após o fim do padrão dólar-ouro em 1971.

Então da próxima vez que alguém disser que políticas protecionistas, congelamento de preços e inflação da base monetária são boas para a economia e mais justas para todas as classes…

…Ou que o contrário disso: Livre Mercado e Deflação; são ruins para a economia e causam desigualdade social, basta enviar alguns destes gráficos que demonstram exatamente o contrário, após o fim do padrão ouro e com imposições econômicas autoritárias e centralizadas.

As criptomoedas como o Bitcoin (BTC), Nano (XNO), Monero (XMR), Bitcoin Cash (BCH) e outras, nasceram para solucionar estes problemas causados pelo sistema fiduciário, ao oferecerem moedas com inflação controlada, através de emissão programada em um sistema escasso; ou até mesmo completamente não-inflacionárias, quando não existe emissão de novas unidades.

A nova economia descentralizada é o que garante um sistema monetário justo e que funciona de acordo com as leis econômicas, protegendo os usuários.

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